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que a paz

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o terreno fértil

para se multiplicar! 

 



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ENTREVISTA
ENTREVISTA

 

 Cresce o número de jovens que buscam seminários
 
   
Um fato curioso chama a atenção de religiosos e de pessoas que se dedicam a estudar profundamente a religião. Os registros da Arquidiocese de Goiânia apontam que há um avanço, ano a ano, no número de jovens que ingressam nos diversos seminários espalhados pelo Estado com o objetivo de se tornar padres. A grande maioria destas pessoas, contudo, desiste de exercer o sacerdócio durante os cursos de formação.

Há uma espécie de funil durante os estudos, que resulta na formatura de poucos seminaristas. É como se no seminário prevalecesse o versículo do Evangelho de Mateus de que “muitos são os chamados, poucos os escolhidos.” Estudiosos do assunto vinculam o abandono dos seminários a uma série de fatores, entre os quais a longa duração do curso de formação - 9 anos -, a constatação feita pelo próprio seminarista de que não tem vocação para padre e a superação de problemas emocionais que, não raro, motivam o indivíduo a inclinar-se ao sacerdócio.

Só em Goiânia existem 20 seminários para formação de padres. Destes, 14 são administrados por representantes de Congregações Religiosas e 6 são diocesanos, ligados diretamente à Arquidiocese de Goiânia. Apesar de não dispor de números precisos, membros da Arquidiocese estimam que em cada 1 das 20 unidades cerca 10 rapazes inscrevem-se por ano nos cursos de formação. São pessoas como Kaíque Batista, de 18 anos, um garoto que passou a infância em Tocantinópolis (TO), onde nasceu, e que hoje cursa o primeiro ano de Filosofia no Seminário Redentorista São José, no Setor Universitário.

Kaíque Batista diz que decidiu seguir a carreira religiosa quando tinha apenas 13 anos. Filho de pais católicos, ele frequentou a igreja desde criança. O “chamado de Deus”, conforme disse, aconteceu quando participava de um encontro vocacional. Dias depois, numa conversa reservada que teve com a mãe, Kaíque informou a ela que pretendia estudar para se tornar padre e, assim, levar palavras de conforto, alento, fé e esperança aos componentes das comunidades.

Incentivo da família influenciou escolha

Quem olha para Albinê Cândido da Silva, de 26 anos, não imagina que no íntimo dele arde um desejo enorme de levar a palavra de Deus para os moradores de Trindade, cidade onde passou parte da infância e a adolescência. Jovem, bonito, educado e bem-articulado, Albinê assemelha-se a tantos outros rapazes de sua idade que frequentemente saem com amigos, viajam e namoram.

Natural de Americano do Brasil, Albinê Cândido mudou-se para Trindade quando tinha 11 anos. Incentivado por pais e avós, muito católicos, ele participou ativamente das ações religiosas. Frequentou terços na casa de vizinhos, participou de leituras bíblicas e de eventos nos quais era realizada a partilha. Em meio a essas ações, bateu no coração do ainda adolescente a vontade de ser padre.

Felicidade

Albinê Cândido conta que tinha 15 anos quando foi convidado por um padre de Trindade a participar de um encontro vocacional. Já nessa época, conforme diz, tinha certeza de que seria feliz no seminário. Ele fez inicialmente o propedêutico - vivência religiosa - no seminário em Goiânia e, depois, ingressou na Congregação Redentorista. Hoje, faz o segundo ano de Filosofia no Instituto de Filosofia e Teologia de Goiás. Depois de concluir o curso de Teologia, ele fará o noviciato, preparatório para os votos.

Albinê Cândido não nega que, ainda hoje, passa por conflitos de natureza íntima, mas enfatiza que se realiza plenamente no seminário. “Quando fazemos a opção pela religião, isso não anula nossa condição humana. Continuamos sendo homens, temos os nossos sentimentos”, sublinha. Entretanto, prossegue o seminarista, há uma diferença de como enfrentar tais questionamentos. “No nosso coração há uma série de perguntas, mas elegemos outras prioridades.”

No ano passado, cinco seminaristas concluíram curso de formação

A quantidade de seminaristas que se tornam sacerdotes é pequeno. Os registros da Arquidiocese de Goiânia apontam que em 2010 apenas duas pessoas foram ordenadas, ambos integrantes de Seminários de Congregações Religiosas. No ano passado, cinco pessoas - três de seminários diocesanos e dois de seminários religiosos - concluíram o curso de formação.

O padre Rodrigo de Castro Ferreira, responsável pelo Setor da Juventude da Arquidiocese de Goiânia, considera significativa a quantidade de novos padres. Ele acentua que Goiás segue uma tendência verificada em todo o País quanto ao aumento do número de vocações. “Apesar de vivenciarem no dia a dia as atrações relacionadas à modernidade, muitos jovens têm feito opções pelo sacerdócio e pelas limitações impostas pela vida religiosa como a pobreza, a obediência e a castidade”, destaca.

Na maioria das vezes, assinala padre Rodrigo, os seminaristas são provenientes de famílias católicas, que além de assistir às missas com regularidade, participam de encontros promovidos pela igreja, organizam terços e atuam ativamente nas festas religiosas. Nestes casos, a opção para a vida sacerdotal manifesta-se ainda na infância ou na adolescência e é uma extensão do modo de criação adotado pelos pais.

Mas há um grande número de casos, conforme atesta o coordenador do Setor da Juventude da Arquidiocese de Goiânia, em que a opção do jovem pela vida religiosa é resultante de frustrações, angústias, ansiedades e crises de identidade. “Estas pessoas buscam o sentido para a vida e esperam encontrá-lo no ambiente religioso”, sublinha.

Da mesma forma em que há uma grande inserção de pessoas nos seminários, existe um alto índice de desistência da carreira religiosa por parte dos jovens. O padre Rodrigo de Castro Ferreira informa que a Arquidiocese de Goiânia não tem o registro exato do número de desistências, mas acentua que é alto. O curso de formação para padres garante aprendizado sobre Filosofia e Teologia, o longo período possibilita ao seminarista constatar se tem ou não a vocação religiosa.

Professor aponta motivo da escolha

Para especialistas leigos, a opção de muitos jovens pelo sacerdócio nem sempre é resultante de motivos essencialmente nobres, relacionados ao conforto proporcionado pela palavra de Deus. O doutor em Teologia e em Ciências da Religião e professor de pós-graduação em Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Alberto da Silva Moreira, destaca que há um grande número de pessoas que ingressa no curso de formação para padre com o intuito de exercer a liderança, o papel principal na igreja.

Crítico, Alberto da Silva Moreira observa que a Igreja Católica tem diversos problemas que devem ser superados. Um deles, acentua, é a figura clerical do padre. As missas e importantes encontros religiosos, acentua o professor, normalmente não acontecem sem a presença do padre. As demais pessoas, por mais que tenham conhecimento aprofundado sobre a liturgia e exerçam papéis importantes no templo religioso, são relegadas a segundo plano, a mero coadjuvantes. “Os componentes da comunidade em geral têm sempre de pedir a bênção ao padre. Sem o sacerdote, nada acontece.”

Seminários

O professor também acentua que os candidatos aos cursos de formação nem sempre têm clareza da opção que vão tomar. Os seminários para formação de padres, destaca, são divididos em diocesanos e religiosos. Os diocesanos, também chamados de seculares, têm como principal característica o fato de serem ligados a uma diocese e ao bispo. Os padres formados nestes seminários tornam-se coordenadores de paróquias localizadas na maioria das vezes próximas de suas famílias. Alberto Moreira assinala que eles não fazem votos de castidade, pobreza e obediência e exercem a função de padre como se tivessem exercendo uma profissão.

Já os seminários religiosos, prossegue o professor, são ligados a ordens ou congregações religiosas. Os que fazem o curso nestes centros seguem os princípios adotados pelo fundador das ordens ou das congregações – beneditinos, claretianos, redentoristas, franciscanos e vicentinos, entre outros. Atuam em missões sociais e muitas vezes são transferidos para comunidades distantes de suas famílias. Têm de fazer votos de castidade, pobreza e obediência.